terça-feira, 1 de março de 2011

O amigo imaginário

Muitas crianças têm amigos imaginários. Que surgem nos primórdios da infância e seguem com elas, lado a lado, até o início da adolescência. Em alguns casos, os imaginários vão até a vida adulta e, de tão íntimos, nunca mais deixam de existir.

Confesso que nunca tive um. Eu brincava sozinho, conversava sozinho e até tive planos de dominar o mundo em carreira solo. Mas, a mais pura verdade, é que jamais tive um amigo invisível. Não sei bem o porquê. Acho que é só um pedaço de fantasia que minha mente infantil nunca quis explorar.

Mesmo achando normal que crianças e adultos tivessem seus amigos fantasiosos, tem um caso que me incomoda muito. Ocorreu entre os anos 1950 e 60, mas até hoje me deixa com a pulga atrás da orelha.

Um tal de Coutinho era jogador profissional. Do famoso Santos, de Pepe, Mengálvio e Zito. Quem nunca ouviu falar do Santos de Pepe, bicampeão da Libertadores e do Mundial, em 1962 e 63?

Coutinho era atacante. Bom de bola, fez muitos gols ao longo da carreira, quase 400, se não estou enganado. Mas era louco de pedra. Doidinho da Silva. E tinha um amigo imaginário.

O amigo do Coutinho, segundo ele, era um mágico que fazia gols com as duas pernas, cabeceava como mestre, driblava com perfeição, tinha a força de um touro bravo e jogava com talento até no gol, se preciso fosse. Pra piorar a história, Coutinho dizia que fazia tabelinhas fantásticas com o tal imaginário. Vejam só isso...

Nos seus mais fortes delírios, Coutinho contava que o garoto fez mais de mil gols como profissional, ganhou três Copas do Mundo e parou uma guerra! Foi chamado até de rei do futebol por algumas pessoas. O tal moleque tinha um apelido, mas não me lembro qual era.

É como eu disse. Gosto dos amigos imaginários. Acho uma brincadeira saudável. Mas tudo tem limite nessa vida...

2 comentários:

  1. Como pode a "loucura" chegar a tal ponto? Dizem que, lá na Argentina, tem um ex-jogador de futebol que é/foi bem problemático. Em suas crises e ápices de overdose, ele sempre fala que é melhor do que o amigo imaginário do Coutinho! Pode isso, Astoni? Impressionante!

    Grande abraço e parabéns pelo texto. Muito bacana!

    Guilherme Guimarães
    @guilhermepiu

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  2. Sempre questionei o por quê de meu amigo imaginário nunca ter dado o ar da graça. Confesso até que ficava chateada por isto. Mas, depois de ler esse excelente texto, estou aliviada...

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