segunda-feira, 9 de junho de 2014

É Copa do Mundo!


O genial Renan Damasceno teve uma ideia fantástica. Compartilhou em seu perfil no Facebook histórias marcantes que viveu durante Copas do Mundo passadas. Achei tão legal que resolvi fazer o mesmo. Perdoa o plágio descarado, Renan, peço que encare como uma homenagem. Vou além. Sugiro que todos façam o mesmo. Vai sair muita lorota boa.

Pra não ficar tão parecido com o post do meu amigo, resolvi dividir o texto em tópicos, com cada edição da Copa que vi. Antes de escrever, já imagino o prazer que terei ao fazer. Viva a Copa do Mundo! E viva o Renan Damasceno!


1982 – Copa da Espanha – 5 anos de idade


Acreditem. Eu me lembro de muitas passagens da Copa de 1982, mesmo tão novo. A mais marcante foi após o jogo entre Alemanha Ocidental e Chile, que eu vi sozinho na sala. Meu pai estava trabalhando e minha mãe e minha irmã Carla faziam outra coisa qualquer no quarto. Meu velho e eu tínhamos uma tabelinha de bolso que atualizávamos toda noite. Ele chegou em casa depois do trampo, pegou a tabela e me chamou pra ajudá-lo, como de costume. Perguntou pra minha mãe quanto tinha sido Alemanha x Chile. Ela não sabia. Mas eu mandei de cara: - 4 a 1 pra Alemanha. Ele me olhou espantado, mas acreditou e marcou na tabela. Depois, na hora do jornal e da confirmação do resultado, abriu um sorrisão e deixou a tabelinha sob minha responsabilidade a partir de então.

Eu sonhava em ser o Dasaev, goleiro da União Soviética. Até hoje me lembro daquele CCCP na camisa dele.


1986 – Copa do México – 9 anos

 
Desta me lembro de quase tudo. Foi a primeira vez que sofri com futebol. Carla e eu gastamos o troquinho que tínhamos pra comprar bombinhas bem no jogo com a França. Eu fiquei puto demais com a derrota injusta. E mais ainda por Zico ter sido o vilão. Eu já era fã dele.

Torci escondido pelo Maradona. E achei a camisa da Dinamarca a mais legal que já tinha visto. Nunca masquei tanto chiclete na vida. As figurinhas da Copa vinham no Ping Pong. Nesta época, cultivei uma grande colônia de cáries.


1990 – Copa da Itália – 13 anos


A Copa de 90 foi a que vivi com mais intensidade. Foi nesta época que decidi ser jornalista esportivo. Acho que até hoje me lembro do resultado de todos os jogos. Pena que foi uma Copa terrível tecnicamente, a pior da história. Eu preenchi mais de 50 tabelas. Acho que ainda estão guardadas em algum lugar da casa da minha mãe.

Mesmo detestando o Lazaroni, fiquei chateado com a derrota do Brasil para a Argentina. Passei a torcer pra Itália. Outro toco argentino. Na final, torci pro Maradona e levei ferro mais uma vez. Foi brabo!

Anos depois, me encontrei com o Goycochea, goleiro argentino, bati um bom papo e tomei cerveja com ele. Tenho uma foto pra provar!


1994 – Copa dos EUA – 17 anos


Minha primeira Copa etílica! Fiz festa como um louco. Vi os quatro primeiros jogos do Brasil em BH e os três últimos em Várzea da Palma.

Comemorei muito o tetra, de verdade. Pela primeira vez chorei pela Seleção. Tá certo que eu vi o jogo virado, num porre histórico. Mas chorei...

Sofri as dores de Maradona e de Baggio como se fossem minhas. Até hoje não entendo esta mistura de euforia e tristeza após o pênalti que o italiano bateu como um tiro de meta. Talvez metade das minhas lágrimas tenham sido pelo Baggio.


1998 – Copa da França – 21 anos


Torci como um doido pra Seleção. Nada a ver com futebol. A cada vitória, Belo Horizonte se transformava num grande carnaval e eu estava no auge desta fase.

A final contra a França teve um lance engraçado demais. Meu amigo Claudão e eu fomos pra casa da família Ubaldo ver o jogo. Claudão tem quase dois metros, era magrelo na época, estava com a barba por fazer e vestia uma camisa apertadaça da Seleção. Quando chegou perto da turma, o coro foi unânime:

- Sócrates! Sócrates! Sócrates!


2002 – Copa do Japão / Coreia do Sul – 25 anos


Esta Copa foi bem diferente de todas as outras. Em 2002, eu vivia nos Estados Unidos e era taxista. Os jogos na madruga coincidiam com meu horário de trabalho. Eu parava pra ver e logo voltava pro batente. Com exceção da final, que foi no começo da manhã. Levei Sajid, um amigo paquistanês, comigo pra um bar brasileiro. Foi emocionante ver o penta longe de casa. Deu uma saudade louca de tudo aqui. A festa em Newark foi gigante, com a brasileirada chutando o balde. Meu amigo do Paquistão ficou louco com a bagunça e a mulherada de biquíni no meio da rua.

O mais marcante de tudo foi ver a comemoração dos brasileiros na frente dos portugueses, que também são muitos em New Jersey. O Brasil tem cinco títulos no futebol e Portugal já ganhou o Prêmio Nobel duas vezes. Os caras passavam horas brigando por isto.


2006 – Copa da Alemanha – 29 anos


Foi uma Copa meio chata pra mim. Eu já não estava na idade de fazer farra na rua e tinha muitos problemas pessoais pra me concentrar nos jogos. A morte do Bussunda durante o evento me chateou ainda mais. Foi como ter perdido um amigo próximo, mesmo sem tê-lo conhecido. Acompanhei tudo mais por obrigação profissional do que por prazer.

A Itália ter vencido foi muito bom. Lembro de ter visto os jogos da Azzura com minha irmã Carolina. Até hoje somos fãs declarados do Buffa.


2010 – Copa da África do Sul – 33 anos


Nesta Copa, o bolão me fez torcer fanaticamente em cada partida, até mesmo num modorrento duelo entre Eslováquia e Nova Zelândia. Valeu a pena! Faturei uns trocados no final. Primeirão entre mais de 40 bobalhões!

O álbum da Copa foi outro ponto marcante. Voltei a ser criança ao trocar figurinhas com meus alunos de violão. Até jogar tapão com eles eu joguei.

O que vou levar pra toda vida desta Copa é a imagem do meu grande ídolo Nélson Mandela colhendo o que plantou. Valeu, Madiba!