terça-feira, 22 de março de 2011

Apelidos

Em meados dos anos 1940, o garoto Édson, chamando de Dico pela família, era fã de um tal Bilé, goleiro do glorioso Vasco de São Lourenço. Entre uma defesa e outra que Dico fazia, nas peladas de infância, ele soltava o brado: defendeu Bilé! Como brasileiro adora apelido, Dico virou Bilé, e entre um sotaque e outro, uma irritação do pequeno Édson e outra, se transformou eternamente em Pelé.

Mais ou menos uns dez anos depois, chegamos ao tempo em que o pequeno Eduardo jogava suas peladinhas entre as crianças maiores no conjunto habitacional IAPI, pertinho do centro de Belo Horizonte. De tão pequenino, Eduardo era chamado de Tostão, numa ‘homenagem’ à moeda de menor valor da época. Se gostava ou não do apelido, nunca ouvi falar. O que sei é que Eduardo também se transformou em Tostão por toda a eternidade.

Outro salto de dez anos na nossa história e chegamos ao jovem Roberto, jogador do Vasco. Reza a lenda que após seu primeiro jogo como profissional do clube da Colina, uma derrota por 1 a 0 para o Bahia, o famoso Jornal dos Sports o chamou de garoto dinamite. Roberto deve ter gostado do apelido, tanto que o usa até hoje, inclusive como presidente do clube onde viveu toda sua vida.

Pois é, fico pensando se Pelé, Tostão e Dinamite começassem suas carreiras nos dias de hoje. Certamente seriam chamados de Édson Nascimento, Eduardo Andrade e Carlos Roberto. O futebol moderno é chato demais. Os três certamente jogariam o mesmo tanto, mas o encanto da torcida seria bem menor. Sem falar que logo iriam pro Chelsea, pro Barcelona ou pro Lyon. Mas isso é outro assunto...

Não tenho nada contra os Thiago Ribeiro, Renan Oliveira e Lucas Piazon da vida. Muito pelo contrário, todos jogam muito. Só acho que se fossem chamados de Tucho, Negueba ou Obina seriam mais divertidos. E talvez tivessem a inspiração que só apelidos como Pelé, Tostão e Dinamite podem dar.

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