Nesta época de fim de ano, então, nos esbaldamos. Como é bom detonar as peladas beneficentes entre os Amigos do Neymar e os Primos do Ganso, entre os Vizinhos do Tardelli e os Conterrâneos do Wellington Paulista, ou entre os Cunhados do Diego Souza e os Companheiros do Fred!
É verdade que, de norte a sul do país, tem uma turma de bajuladores barrigudos participando desses jogos beneficentes. São amigos, agentes, empresários e jornalistas dispostos ao vexame de expor a redonda silhueta em troca dos 15 minutos de quase fama.
Isto sem falar na turma do pagode, do rap e do funk, que também está lá pra fazer seu comercial e jogar sua bolinha de fim de ano. O que é outro prato cheio pra turma que gosta de criticar. Porque não há Buarques, Velosos, Camelos nem Gadus nas festas que terminam regadas a chope e picanha da boa.
Mas vem cá, falando baixinho, só entre nós. O que é que tem de errado nisso? O que os boleiros estão fazendo de tão mal assim? Por que eles nos incomodam tanto com essas peladinhas beneficentes de fim de ano?
Até onde eu sei, todas elas são beneficentes mesmo. Um quilo de alimento não-perecível, exceto fubá e sal, trocado por um ingresso. Toneladas e toneladas de alimentos distribuídas Brasil afora, por causa dessa diversão de boleiro e pagodeiro que irrita tanta gente boa por aí.
Ah sim, não é bem por aí, nós vamos dizer. Porque não é só isso. Os jogadores querem mesmo é aparecer e tirar proveito político e econômico da situação, fingindo uma imagem de bons moços. A turma do pagode também, é claro. Mas e daí? Eles doaram alimentos pra muita gente necessitada, em vários cantos do país, na brincadeira deles de fim de ano. E nós, que criticamos e reclamamos tanto?
Será que cada um de nós teve a boa vontade de pegar a cartinha pro Papai Noel nos correios e fazer, pelo menos, uma criança desconhecida feliz?