terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Rivalidade

A rivalidade é uma das coisas mais gostosas do futebol. Em algumas ocasiões, comemorar uma derrota do seu principal adversário é tão bom quanto celebrar um triunfo do seu time. Ganhar deles então nem se fala! É motivo pra uma semana inteira de festa, com direito a gozações no trabalho, na escola e na pelada do bairro. E até mesmo nas festas de família. É só nestas horas que é bom ter um cunhado fã do arquirrival.

Um torcedor fanático não usa as cores do rival em nenhuma hipótese. Não chama o adversário pelo apelido carinhoso usado por sua torcida. E nem elogia os jogadores do opositor. Por mais que sejam titulares da seleção, não passam de verdadeiros pernas-de-pau!

E isto passa de pai para filho. Desde os primórdios da infância. Todo moleque de quatro ou cinco anos sabe disso. Um guri gremista jamais usa vermelho nas festinhas do prédio. Um pequeno cruzeirense nunca chama o Atlético de Galo. E por mais que o Neymar arrebente na seleção Sub-20, ele, em tempo algum, será elogiado por qualquer corintianinho, que desde sempre se diz maloqueiro e sofredor.

Ter um rival e cultivar a rivalidade é uma coisa saudável. É o que te faz querer ganhar dele, superá-lo em tudo, ser melhor que ele em todos os detalhes e aspectos possíveis. É o que fez o Coritiba dar uma boa guaribada no Couto Pereira, para que ele ficasse do nível da Arena da Baixada. A rivalidade fez o Fluminense montar um super time para ganhar o Brasileirão um ano depois do Flamengo ter ganhado. E é o que motivou o Bahia a investir tanto a ponto de trocar de lugar com o Vitória nas duas principais divisões do futebol brasileiro.

Mas tem que parar por aí. Rival não é inimigo. Rivalidade é bem diferente de inimizade. Ninguém precisa brigar por causa de futebol. Ninguém precisa agredir, machucar ou matar. Não faz sentido usar violência contra um torcedor de outro time, que pode ser seu colega de trabalho, vizinho ou até mesmo seu primo.

Seu irmão ou sua esposa podem torcer pra outro time. Até seu pai pode. Neste caso, na sua infância vai ter sido outro a te ensinar as regras de como tratar um rival. Assim pode ser melhor ainda do que ter aprendido com seu velho. Porque, tanto na teoria como na prática, vai ser impossível odiar um adversário que só te ensinou e te deu amor.

4 comentários:

  1. Muito bom texto. Aliás, o melhor texto que li sobre rivalidade no futebol. Porque ficou leve e, embora seja educativo, não tem um tom professoral. Adorei. :o)

    ResponderExcluir