quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Vendedor de picolé

A primeira vez que entrei nas arquibancadas do Mineirão foi inesquecível. Claro que sim, já que ainda falo deste momento mesmo passados 30 anos. Que me desculpem os outros mineiros, esse povo tão sedento por água salgada, mas pra mim foi mais marcante do que quando vi o mar.

Naquele tempo havia bandeiras nas arquibancadas. E estas eram de cimento. O mesmo cimento que, anos depois percebi, uniam e igualavam o operário ao doutor, em meio a abraços sinceros, na hora de comemorar um gol.

Mas, enfim, era um mosaico absurdo de cores e barulho para um menino de três anos. E me lembro do meu tio gritando pra eu prestar atenção no jogo e parar de olhar pro lado. Mas como fazer isso? O que eu entendia daquele jogo? O que mais me fascinava no futebol – e é assim até hoje – é o entorno.

Naquela época o que importava era onde estava o vendedor de picolé. E o resto era um bando de gente de radinho colado ao ouvido, gritando coisas que eu não conseguia compreender.
Fico me lembrando de 30 anos atrás. Hoje chego ao estádio com planilhas, câmeras, modens, parafernálias mil. Tenho que me sentar num lugar com boa vista do gramado. Escrever, analisar, entrevistar, explicar, detalhar, fotografar...
Mas, até hoje, só o que me importa é onde está o maldito vendedor de picolé.

Um comentário:

  1. E hoje o que importa é o onde está o vendedor de picolé e depois o lugar mais próximo vendendo o maravilhoso tropeirão. Mas pra mim, antes do picolé, do tropeiro, o melhor é só a emoção de subir as escadas e ver aquele gramado verde, lindo, grande, impetuoso...

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