quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Trilha sonora

As canções mais marcantes da minha infância eu não aprendi na escola. Nem nos programas infantis comandados por loiras sensuais. Foram nas arquibancadas do Mineirão. É, amigo, por mais que fossem coisas que eu não pudesse cantar perto das tias mais velhas, foram os gritos de guerra do grande estádio da Pampulha os top hits dos primeiros anos da minha vida.

Minha mãe, óbvio, franzia o rosto. Brigava, chegava a negociar doces pelo abandono total das minhas canções. Fico pensando que devia ser mesmo chato. Afinal, um moleque de um metro e vinte de altura falando os maiores impropérios do mundo a qualquer hora do dia é dose cavalar. É claro que o som dos estádios nos anos 80 parece música de ninar perto dos urros de violência de hoje. Mas mesmo assim, eram um monte de barbaridades.

Na escola o problema era ainda maior. Porque eram atleticanos e cruzeirenses. E alguns americanos. E a gente também inventava as próprias músicas, que não poupavam a honra e o caráter dos coleguinhas. E das pobres mães deles. Isso me rendeu boas horas diante das supervisoras e diretoras da vida. E alguns dias de suspensão.

Trinta anos depois, os gritos nos estádios ainda estão repletos de palavrões. Mas hoje existe uma competição pra lá de sadia entre as torcidas para criar músicas que valorizem a história e a conquista dos seus clubes. Espero que as crianças de hoje tenham momentos mais educativos nos estádios do que eu tive. Mas que era bom, era...

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