quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O futebol é diferente

Cresci ouvindo a frase do Barão de Coubertin, fanático que sou por qualquer disputa que envolvam dois times e um só objetivo, desde o gênesis da minha vida. Nas precoces leituras de infância, misturei Fernando Pessoa ao nobre francês, e cheguei à óbvia conclusão que competir é preciso, ganhar não é preciso.

Amarga ilusão! Via meu pai, tios e primos se desesperarem após qualquer revés do time de coração. Via naqueles senhores da TV, e de forma semelhante os ouvia no rádio, a mesma ladainha. A seleção de 82 perdeu a Copa, e ai de mim quando insistia em tentar decorar o belo hino da Itália na escola. Eu era um traidor! Mais do que isso, uma aberração!

O importante é competir, ouço isso desde sempre. Mas no futebol é diferente. Se não ganhar não tem valor nenhum. O herói de ontem, aquele ídolo da figurinha autocolante pregada na porta do armário, é o inimigo público número um de hoje. O treinador, o gênio da hora do almoço, vira um completo imbecil pouco antes da hora de dormir.

No futebol é diferente.  Meus olhos de menino não conseguiam diferenciar tons tão distintos entre uma vitória e uma derrota. E que falta me fazem aqueles dias em que ver a bola branca rolar sobre a relva verde era mais lindo do que qualquer placar burocrático do mundo ousasse ser.

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