sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Os que não gostam de futebol

Eu não conseguia entender os que não gostavam de futebol. Para mim, eram alienígenas. Hoje eu entendo que os alienígenas podem ser nossos grandes amigos. O problema era explicar isso para um menino de cinco anos, que dividia arroz e feijão no prato de almoço, alinhados frente a frente, como se fossem Inter e Grêmio na final do Gauchão, entre batatas fritas, bifes e ervilhas lotando a arquibancada.

Como alguém de mente sã poderia não odiar o Paolo Rossi? Ou não querer ser o Dasaev numa disputa de pênaltis com bola de meia? Como algum adulto sensato poderia falar mal do Figueiredo, que tanto queria ser esquecido, enquanto um assunto muito mais importante estava em jogo, como um Fla-Flu decidindo o segundo turno da Chave B da Fase 2 do Campeonato Carioca?

Não gostar de futebol, na minha mente infantil, era tão absurdo como não ganhar brinquedo no Natal. Tão sem graça como ginástica olímpica na aula de educação física. E tão chato como horário político na televisão. Aliás, isso é chato desde sempre.

Hoje em dia sou muito mais maduro. Tenho vários amigos alienígenas. Vou a festas de gregos e troianos. Mas se ninguém falar de futebol comigo, finjo uma dor de cabeça e vou embora pra casa logo.

Um comentário:

  1. Fui entrando no twitter dos coleguinhas e acabei aqui. Eu sou uma alienígena.

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