terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Robin Hood

Ouvia dizer, desde os meus tempos de menino, que um tal Robin Hood roubava dos ricos para presentear os pobres. Eu achava aquilo muito legal e justo, mesmo sem nunca ter ouvido alguém falar de Karl Marx ou mais-valia que o valha naqueles meus tempos de jardim de infância.

Era lógico pra mim àquela época. Se uma pessoa tinha um milhão de moedas no banco e a outra só levava dez nos bolsos, por que não dividir a riqueza das duas, em partes iguais, para que todos ficassem felizes do mesmo tanto? A injustiça do mundo acabaria ali. Fácil assim.

Aprendi que as coisas não são desse jeito na vida real. E, se meu ídolo Robin Hood existiu mesmo, deve ter feito sucesso na Floresta de Sherwood em 1400 e alguma coisa, mas, certamente, não teria paz no mundo de hoje, que conheço bem.

O fato é que eu comecei a gostar dos Robin Hoods da vida moderna. Principalmente os da bola. Sim, daqueles times pequenos que ganhavam dos gigantes do futebol brasileiro para depois perder para outros menores que ele.

O Botafogo da Paraíba mesmo é um baita Robin Hood. Tem nome pomposo, de bairro chique e time campeão no Rio de Janeiro. Mas, na verdade, tadinho, só é forte mesmo lá em João Pessoa, e olhe lá!

Uma vez, em 1980 – e isto é história verídica! – o Botafogo genérico foi ao Rio de Janeiro que inspirou seu nome. O jogo era simplesmente contra o Flamengo, que venceria o Brasileirão alguns meses depois e o Mundial no ano seguinte, com praticamente o mesmo time.

E não é que o Fogão paraibano fez 2 a 1 no Mengão de Zico, Nunes, Adílio & Cia., em pleno Maracanã? Tudo isso para, alguns dias depois, perder de seis para a Ponte Preta, em Campinas.

Que time grande no mundo nunca sofreu com o seu Robin Hood pessoal? E quantos Jabaquaras, Democratas, Bonsucessos ou Aymorés da vida não viveram seus dias de Príncipes dos Ladrões mundo afora?

Eu só sei que morro de rir com os Robin Hoods ludopédicos até hoje. Porque parece que, mesmo por um breve momento, parte das injustiças do mundo foram resolvidas. E que algum time de dez moedas nos bolsos é maior do que aquele com um milhão no banco.

Nenhum comentário:

Postar um comentário