quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Festa de gala

O que você gosta de fazer pra se divertir? Teatro, cinema, show de rock, ópera, samba de roda? Gosta de sair pra jantar? Passear na cidade vendo as luzes de natal? Ou prefere ficar em casa tomando um vinho e vendo um filme?

E criança? Como se diverte? Clube, parque, shopping, casa dos amigos? Eu gostava mesmo era de ir ao Mineirão. A violência era bem menor que a de hoje, os preços de tudo também. Então era assim. Não consigo me lembrar nem contar todas as vezes que meu pai me pegou pela mão e me levou pro velho estádio da Pampulha pra ver nosso time de coração.

A preparação praquilo tudo era algo sagrado. Um ritual praticamente. Eu colocava a camisa do esquadrão, ligava o radinho no volume máximo pra ver se a pilha estava boa e calçava o velho kichute porque, nunca se sabe, sempre podia aparecer uma peladinha com os velhos copos parafinados no intervalo do jogo, no corredor dos bares.

Cada engarrafamento pra chegar ao estádio era uma festa. Bandeiras, gritos, ônibus apinhados de gente. Meu pai sem paciência e eu achando tudo aquilo a coisa mais linda do mundo.

Subir os degraus de acesso à arquibancada do estádio e me deparar com aquele latifúndio verde era uma coisa sem explicação. Se isso me emociona até hoje, marmanjo formado e com quase oitocentas visitas ao Mineirão, o que dizer da época em que estava nas primeiras dez?

O cansaço de passar quase seis horas fora de casa era quase nada pra uma criança que tinha a energia de dominar o mundo e os sonhos de um dia ser o camisa 10 daquele espetáculo tão gigantesco.

Não tem dia nesta vida em que eu não agradeça ao meu velho pai por ter me proporcionado aqueles momentos tão fantásticos que, além de nos aproximar tanto, ajudaram a construir minha personalidade e ser um pouco do que hoje sou.


Dedicado a meu pai e a meu amigo Eugênio

2 comentários:

  1. E ainda tentam me convencer que não existe magia nos olhar lançado por um menino. Mostre a ele a beleza das pequenas coisas, que ele aprenderá a lapidar a visão para a vida toda. O Mineirão pode representar uma beleza arquitetônica para muitos, para tantos outros é um templo: religião, dogma, fé... e que saudade do Mineirão! Só quem viveu sabe, só quem viveu.

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  2. Sensacional Marco. Parabens pelo texto.
    Saudações alvinegras,
    @mauminas

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