domingo, 29 de maio de 2011

Benjamin Button

Eu acho que os jogadores de futebol tinham que ser como um texto do Chico Anysio num comercial que vi na TV nos anos 1980. Deveriam nascer velhos e morrer crianças. Ou como a música do Jethro Tull, 'Too old to rock n´roll, too young too die', onde acontece a mesma coisa. O filme Benjamin Button conta mais ou menos a mesma história, com a diferença que o cérebro do cara envelhece da forma normal.

O jogador ia começar nas categorias de base do clube e trabalhar intensamente até sua primeira chance no profissional. Cabelo cortadinho, sem tatuagens, discurso bem articulado e uma namorada firme, inclusive com anel de compromisso no dedo.

Artilheiro no primeiro Brasileirão do currículo, o garoto quer ficar no Brasil, perto da família, cuidando dos investimentos que está fazendo com o salário, que teve o primeiro aumento significativo.

Mais alguns anos e ele assina um contrato fantástico com o Real Madrid. Adquire ações do clube que o revelou, compra dois condomínios na cidade natal e parte para a Europa com a mulher e os filhos, onde se eterniza no museu da fama do clube merengue.

Até que algumas más atuações, devido ao cansaço muscular e aos problemas com o divórcio, o fazem deixar o Real e partir para vida nova no Valladolid. Não sem antes espinafrar diretoria, torcida e colegas do antigo clube.

Nosso herói faz a primeira tatuagem com uma letra japonesa sem significado e, após perambular por vários times da segundona espanhola, vai parar no promissor futebol do Chipre.

Dois casos policiais, uma acusação de estupro e outra de dirigir sem habilitação, trazem o antigo ídolo madrilenho de volta ao Brasil. No dia de sua apresentação no Duque de Caxias, ele faz um corte moicano super fashion e briga com dois torcedores num shopping de Nova Iguaçu que teriam assediado sua namorada de 17 anos.

Acabado, sem clube e abandonado pelos antigos amigos, ele é obrigado a se desfazer de todas as suas propriedades para se dedicar apenas às peladas de rua e ao futebol de areia. Aos 38 anos, encerra sua carreira jogando pelo Madureira Beach Boys. E posa na G Magazine.

É claro que nossa história é fictícia. Mas será que é tão dificil assim encontrar algum Benjamin Button na história do nosso Velho Ludopédio?

Nenhum comentário:

Postar um comentário