sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Medalha de ouro


Eu nunca vi os atletas e esportes paraolímpicos com compaixão, tristeza ou qualquer outro sentimento negativo. Muito por causa do meu amigo Danilo Bayão, completamente cego desde os seis anos de idade, devido a uma doença congênita. Ciente de sua condição, Danilo jamais aceitou ser tratado como vítima ou pessoa inferior, sempre bem humorado e capaz de fazer praticamente todas as atividades que fazíamos nos tempos de colégio.

Passamos boa parte da infância e toda a adolescência juntos. Nossas famílias se tornaram amigas e fizemos tudo que dois amigos nesta fase da vida fazem. Brincamos, jogamos, bebemos, viajamos, fomos ao Mineirão, saímos com garotas e aproveitamos muito. Digo sem medo de errar: nunca vi Danilo Bayão Gomes reclamar de sua deficiência e nem desanimar diante de qualquer obstáculo.

Danilo se tornou um exemplo de vida pra mim sem que nós dois percebêssemos isso, tamanha nossa proximidade e cumplicidade. Seu jeito otimista e realista de encarar as coisas me ajudou em muitos momentos complicados, ao longo do tempo.

Hoje, Danilo é jornalista e advogado. A primeira profissão foi influenciada por mim, pobre amigo! Ele continua com o sorriso constante e o jeito maduro de enxergar o mundo e sua própria vida. Com ele, eu aprendi desde cedo a não reclamar do que tenho e a ser grato por tudo que Deus me deu.

Vendo os atletas que nadam, correm, lutam e disputam as mais diversas modalidades nas Paraolimpíadas de Londres é impossível não me lembrar do amigo, mesmo que a gente não se fale com a mesma frequência da juventude.

Dificuldades há para todos. O diferente é a forma que cada um as encara. Parabéns aos atletas paraolímpicos mundo afora, que superam obstáculos diários e dão provas de força a si mesmos. E muito obrigado por tudo, meu querido irmão Danilo Bayão.

 

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