As redes sociais se tornam, a cada dia, mais importantes em nossas vidas. As distâncias físicas estão ficando maiores, por causa da correria louca do dia-a-dia, dos inúmeros compromissos cotidianos e do trânsito intenso nas grandes cidades, enquanto as virtuais praticamente não existem mais, já que as pessoas estão conectadas 24 horas por dia.
Isto mudou nossos hábitos. Dos primitivos ICQ e Yahoo Messenger, passando pelo vovô Orkut até chegar aos contemporâneos Facebook e Twitter, tivemos que começar a levar as coisas mais a sério. Sim, porque nossos contatos reais com os amigos de verdade são cada vez mais feitos pela via virtual. Portanto, ser você mesmo, sem máscaras e mentiras, é quase uma obrigação pra quem quer ser levado a sério.
Mas, não quero fazer aqui uma tese sobre as redes sociais. Não tenho conhecimento, competência nem estudos para isso. Quero falar sobre uma coisa que está me incomodando muito nos últimos dias. A forma como muitos estão tratando o câncer do ex-presidente Lula na Internet. Alguns amigos próximos, inclusive.
Valho-me do meu velho ludopédio para tentar ser mais claro. Sigam o exemplo do futebol!
Dois jogadores dos dois maiores rivais de Minas Gerais passaram por delicados problemas de saúde na família, muito recentemente. O goleiro Renan Ribeiro, do Atlético-MG, perdeu a irmã de 15 anos, Bianca, vítima de um câncer. O filho do meia argentino Montillo, do Cruzeiro, Santino, tem um ano de idade, é portador da síndrome de down, e já passou por quatro delicadas cirurgias, uma delas no coração.
Nos dois casos, as torcidas se mobilizaram nas redes sociais e fizeram campanhas de apoio aos respectivos ídolos. E o mais interessante é que cruzeirenses respeitaram a dor de Renan e atleticanos deram força a Santino e Montillo. Esqueceram o detalhe mínimo da rivalidade e se uniram em torno do que é mais importante, o ser humano. É claro que há os imbecis. Mas, eles foram raríssimos nas redes sociais, onde imperou o bom senso e o sentimento de fraternidade e respeito.
O caso do técnico Ricardo Gomes também é recente. O treinador teve um grave problema à beira do gramado, num Vasco x Flamengo, ficou em situação delicadíssima e sua recuperação foi comemorada por todas as torcidas no Brasil, com mensagens de apoio de todos os cantos.
Não quero dizer aqui que o futebol é um exemplo de paz e maturidade dos povos. Nada disso. A cada fim de semana, torcedores se degladiam nos estádios mundo afora, não se importando com nenhum tipo de lei. Mas a pauta aqui é rede social. E nelas foi mantida a civilidade. Pelo menos nos casos de Renan Ribeiro, Montillo e Ricardo Gomes.
Volto agora ao caso do Lula. Tentarei ser imparcial no tema, já deixando clara a admiração e respeito que tenho por ele, pra mim o maior presidente da história do Brasil. Mas sei reconhecer que, se ele tirou 23 milhões da pobreza no país, foi conivente com a corrupção no seu primeiro mandato. Portanto, o debate aqui não é político. É humano. Falaria o mesmo sobre FHC, Itamar Franco ou José Sarney. Quem me acompanha nas redes sociais sabe que, mesmo sendo campeão em piadas sem graça, não brinco com a dor dos outros. Jamais!
Fazer piada com o câncer de Lula ou desejar sua morte numa rede social é inadmissível pra mim. É de mau gosto. Não importa se você não vota nele, não gosta dele ou, pior, está simplesmente se divertindo.
Longe de mim querer censurar uma opinião nas minhas timelines. Não posso e não quero. Mas tenho o pleno direito de não tolerar a convivência de quem deseja que qualquer pessoa morra ou sofra. Virtual ou pessoalmente. Nem no mundo do futebol, tão criticado por tantos, as coisas são assim hoje em dia.
Sigam o exemplo do futebol! Se os torcedores xingam e ofendem nas redes sociais, também sabem ser solidários e humanos, quando é preciso e o caso é mais sério. Força Renan Ribeiro! Fuerza Santino! E melhoras para o presidente Lula!
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