A memória humana é uma das coisas que mais me impressiona na vida, desde menino. O quanto ela pode armazenar de informações, a intensidade das lembranças que guarda, e de que maneiras diferentes estas recordações são acionadas, quando preciso.
Para algumas pessoas basta um cheiro, um leve perfume apenas, e um leque vivo se abre na memória. Detalhes de momentos vividos, nomes, rostos, histórias de vida. Acontece também com o paladar. Um gosto guardado no fundo das papilas gustativas recria lugares, situações, e traz de volta pessoas já apagadas em nossa existência mental.
O oposto também é corriqueiro, infelizmente. A danada da memória nos trai, e o nome de um velho conhecido foge na hora certa. Uma analogia inteligente, um caso engraçado pra contar naquele momento exato, enfim. Essas coisas passam voando pela cabeça e tentar resgatá-las, às vezes, é mais frustrante do que simplesmente deixar pra lá.
É assim com tudo mundo, imagino. Eu mesmo. Sei de cor o ano em que cada banda que gosto lançou os seus discos. Lembro-me dos artilheiros das principais competições do futebol mundial, desde os primórdios. Sei o nome de todas as minhas professoras e colegas de sala desde que comecei a estudar. Sou praticamente um fenômeno!
Mas, por outro lado, às vezes erro caminhos que faço diariamente. Esqueço a grafia de palavras que uso desde os 12 anos de idade. E nem tenho ideia do que fiz na tarde de quinta-feira da semana passada. Mesmo sem ter bebido uma gota de álcool. Sou realmente uma besta!
Nem um nem outro, é claro. Nossa memória é assim mesmo. Chata e seletiva. Por várias e indefinidas razões, seleciona o que quer e o que não quer guardar. Ou não precisa guardar.
Então não esquenta. Se alguém passou por você na rua e não te cumprimentou, pode ser que não tenha se lembrado de você. Mas também pode ser que não. Talvez este alguém simplesmente tenha te ignorado. E isto pode ser sinal de sorte! Há o outro lado, evidentemente. Você pode fazer a mesma coisa, se quiser. Pode fingir que não se lembrou de uma pessoa, daquelas bem chatas. E quem vai provar que não se lembrou mesmo? É culpa da memória...
Tem 25 anos que moro em BH e até hoje nao sei andar pela cidade, nao consigo decorar os trajetos, se nao houver placa me perco fácil!!!
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