quinta-feira, 30 de junho de 2011

Futebol com meu velho

Uma das coisas que eu mais gosto na minha vida é ver futebol com meu pai. Não pelos jogos em si, que, geralmente, têm sido muito chatos hoje em dia, mas por todo o ritual que envolve aquele momento.

O jogo é às 21h50, mas ele começa a me ligar logo no início da tarde. O velho, tranquilão e com a vida ganha, sai do trabalho a hora que quer, mas, mesmo assim, sou eu que tenho que comprar a carne, a cerveja e o carvão. E mais! Temperar, gelar e assar!

A qualidade da cerveja e o tipo de carne pro churrasco variam de acordo com a importância da partida e dos nossos convidados. Picanha e cerveja de trigo pras finais, contra-filé e bock pros clássicos do inverno, e fraldinha e pilsen pros jogos corriqueiros.

Aparece muita gente chata, é claro. Torcedores do time rival. Gente que não sabe nem quantos lados tem uma bola de futebol. Um pessoal mais preocupado em filar a cerva do que em debater o esquema tático com os anfitriões. Meu pai e eu discutimos, nos acusamos, e colocamos a culpa um no outro sobre a presença daquele mala sem alça que fala mal do craque do nosso time, mesmo quando o jogo está 5 a 0 pra gente.

Eu adoro assistir ao futebol semanal da TV com meu pai. Não pelo jogo em si, que é o que menos importa. O que eu gosto mesmo é de ver meu velho resmungando, reclamando e confirmando pra si mesmo, com um sorriso irônico, que o público mais especial da sua arquibancada pessoal é o filho chato, que tempera, assa e gela. Os dois sabem que a vida é uma só. E fazem questão de curtir a presença um do outro enquanto têm força e saúde. E a permissão de Deus para serem tão felizes.

5 comentários:

  1. E eu agradeço a Deus e a esses grandes amigos por muitas vezes fazer parte dessa arquibancada. Belo texto, autêntico e simples, como a vida deve ser.

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  2. Putz....em tempo que começo mais a sentir saudade do que passou e menos vontade do que ainda está por vir, esse texto me faz chorar. Lembrar de quantas vezes peguei o balaio Santa Maria-Vera Cruz, descia no ponto mais perto do Epa do Pompéia, andava alguns quarteirões e chegava à casa de portões de ferro. Passar o dia na companhia destes dois é uma das coisas que me faz sentir uma saudade danada de tudo....

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  3. Marquinhos, aproveite bastante estes momentos que nos proporcionam extrema felicidade. É bom demais estar próximo de pessoas que amamos.
    Obrigado pela força.
    Um abraço, Cássio

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  4. Marcola, eu só testemunho do texto...
    e vivo com meu pai a mesma situação semana a semana...bom demais....

    Um abraço...

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